Aparecida/SP: poder da pequena imagem de barro desloca multidões de fiéis
- Leci Rech
- 27 de out. de 2024
- 3 min de leitura
A história do Santuário de Aparecida iniciou no Porto Itaguaçu, às margens do Rio Paraíba do Sul. Em 1717, a imagem de Nossa Senhora da Conceição Aparecida foi encontrada em duas partes por três pescadores. No mesmo momento, suas redes se encheram de peixes e a partir daí o número de devotos à santa não parou de crescer.

Vale a pena conhecer o que a cidade de Aparecida tem a oferecer, além do Santuário e seus museus. Vá até a Porto Itaguaçu. Lá está o primeiro oratório a Nossa Senhora Aparecida.
Esta igreja foi construída em 1926 e inaugurada nesse mesmo ano. Ela faz parte do conjunto arquitetônico religioso de Porto Itaguaçu. A capela é dedicada a São Geraldo Majella, santo padroeiro da maternidade, nascido em Nápoles/Itália.

Itaguaçu quer dizer “pedra grande” em tupi guarani. Ita = pedra e guaçu = grande. Esse local era conhecido como Bairro das Pedras. Com a revitalização, o turismo se tornou mais forte no bairro, onde já existiam muitas lojinhas com a venda de confecções, souvenirs e artigos religiosos.

Quando lá estive, em janeiro, a área próxima do rio estava em obras. A inauguração do Parque Três Pescadores e da Capela da Pesca Milagrosa foi em julho/2024. Apenas se via de longe o monumento aos pescadores: João Alves, Felipe Pedroso e Domingos Garcia.

A imagem de barro encontrada pelos pescadores era pequena, pesava 2,50 kg e 36 cm de altura. Naquele dia, eles tentavam conseguir um pouco de peixe num pequeno barco, quando pescaram a imagem da santa, quebrada em duas partes. Logo em seguida o barco ficou pequeno para tão farta pescaria. A notícia foi longe, se espalhou e os fieis começaram a chegar. A capela se tornou pequena para o grande número de pessoas, que não parava de crescer.

Para atender a necessidade de um espaço maior, em 1745, foi construída a Basílica Histórica, inicialmente sem as torres. Na primeira reforma e ampliação, em 1768, as torres foram colocadas. Entretanto por questões de segurança, foi necessário demolir e construir outras torres.

Somente em 1864, as torres e a fachada ficaram prontas. Para determinar o estilo arquitetônico, na fachada, o frontão retilíneo mostra linhas barrocas. Já os arremates das torres (fileiras de balaústres formando um parapeito) são elementos do neoclássico. Nessa época, as pedras vinham em carros de bois, trazidos por escravos. A construção teve vários arquitetos, entre eles, Thomas Ender em 1817 e Pallière em 1821.

A esfera da cruz e o galo em cada torre foram feitas pelo artista plástico João Júlio Gustavo. O galo no topo da torre representa o despertar para a fé cristã.

A Basílica Histórica recebeu a imagem de Nossa Senhora Aparecida somente em 1888, após novas melhorias e a chegada do altar-mor, vindo da Itália. A reforma foi feita pelo frei baiano Joaquim de Monte Carmelo A imagem da santa permaneceu na igreja até 1982. Neste mesmo ano, a Basílica Velha foi tombada pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico Artístico Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo).

O interior da Basílica Histórica é rico. Foram esculpidos, na Itália, em mármore de Carrara, o altar-mor e o retábulo (estrutura em pedra da parte posterior do altar). O retábulo apresenta colunas ou pilastras e o coroamento em arco. Na cornija do teto (faixa que se destaca) estão as telas do pintor alemão Thomas Drindl que representam os milagres de Nossa Senhora Aparecida.

Em 1884, a Princesa Isabel quando esteve em Aparecida, fez a doação de uma coroa de ouro 24 quilates e brilhantes para a imagem. Ela estava agradecendo à Virgem a maternidade. Vinte anos depois, a imagem foi coroada com o presente da Princesa. Outros fatos importantes ocorreram durante a permanência da santa na Basílica Histórica: decreto do Papa Pio X de 1908 dá o título de Basílica Menor à igreja e proclamação de Nossa Senhora Aparecida como Rainha e Padroeira do país (decr. de 16/07/1930 do Papa Pio XI).
Passarela da Fé
Uma passarela para romeiros foi inaugurada em 1971 para fazer a ligação entre a Basílica Histórica e o Santuário Nacional.

Em forma de “S”, a passarela simboliza a curva do Rio Paraíba do Sul, onde foi encontrada a imagem da santa. O percurso tem 392,2 metros de comprimento e a altura fica entre 18 a 35 metros na parte mais alta. Não fiz esse percurso, porque deixamos o carro no estacionamento do Santuário (R$ 35,00 a diária em janeiro/24).
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