A arquitetura conta a história de Porto Alegre – parte III
- Leci Rech
- 10 de jul. de 2022
- 4 min de leitura

Para este post, continuamos percorrendo as ruas de Porto Alegre em busca de suas preciosidades arquitetônicas. A primeira parada é no antigo Hotel Majestic, um prédio cheio de histórias, onde durante durante doze anos, viveu um dos maiores poetas brasileiros – Mario de Miranda Quintana. Ele morou ali de 1968 a 1980.

O Hotel Majestic teve seu auge nas décadas de 1930, 40 e 50. Ali se hospedaram artistas famosos como a atriz Virginia Lane, cantora e vedete brasileira. Políticos importantes também passaram pelo hotel como o Presidente Getúlio Vargas.


O prédio, inaugurado em 1933, era majestoso. Tinha 300 quartos com camas e colchões de mola, um requinte para a época. O salão de refeições era para 600 pessoas. Foi o primeiro grande edifício feito em concreto armado, um projeto do arquiteto alemão Theodor Alexander Josef Wiederspahn.

Em estilo eclético, o Hotel Majestic conta com terraços, sacadas e colunas. Sua construção durou de 1916 a 1933.

São dois blocos interligados por passarelas embasadas por arcadas. As passarelas ficam suspensas sobre a via pública, um modelo de construção inédito para sua época. Os grandes espaços formam pórticos.
Era considerado um prédio luxuoso. Entretanto a concorrência de novos hotéis com instalações modernas colocaram o Hotel Majestic na lista dos prédios históricos de Porto Alegre.
Tombado em 1982, pelo IPHAE – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado, o Hotel Majestic foi transformado em uma Casa de Cultura com o nome do poeta Mario Quintana. Fica na antiga rua da Praia ou seja, Rua dos Andradas, 736 – centro histórico. Sem dúvida não pode ficar fora do seu roteiro turístico na capital gaúcha.
Basílica Menor de Nossa Senhora das Dores

Caminhando ainda na Rua dos Andradas, 587 vamos encontrar outro patrimônio gaúcho.
A mais antiga igreja ainda existente em Porto Alegre recebeu do Papa Francisco o título de Basílica Menor neste ano de 2022. É a primeira igreja da cidade a receber essa qualificação.
Muito conhecida por sua escadaria com mais de 60 degraus, a igreja é monumento nacional.

A igreja das Dores tem duas torres com 50 metros em estilo barroco português com elementos neoclássico. Na fachada há referências do período colonial e acabou em estilo eclético.
As três esculturas são de artista plástico João Vicente Friedrichs e representam Fé, Esperança e Caridade.
Foi tombada pelo IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional em 1938.
O templo católico levou quase cem anos para ser construída, A pedra fundamental data de 1807. Muitos escravos trabalharam para erguer a igreja. Acontecimentos como a Revolução Farroupilha impediram o andamento das obras. Muitos arquitetos passaram entre eles Júlio Weise de origem alemã. Restaurações foram feitas em 2008/2012 e 2015.

O nome da Basílica é uma referência a Nossa Senhora das Dores ou Mãe Dolorosa – títulos da Virgem Maria por suas sete dores entre elas estão: a fuga para o Egito, Jesus levando a cruz e sua morte, descida da cruz e o sepultamento.
Gasômetro
Não deixe de visitar a Volta do Gasômetro que foi revitalizada. Ali estão a antiga usina termelétrica e sua chaminé, símbolos de Porto Alegre.

Desde 1991, passou a ser Centro Cultural Usina do Gasômetro. Este nome dado ao complexo é uma referência a antiga Usina de Gás de Hidrogênio Carbonado que fornecia gás para a iluminação publica da cidade.

A usina termelétrica foi uma das primeiras edificações de concreto armado. Foi inaugurada em novembro de 1928 e era administrada pela empresa norte-americana Bond & Share. A usina projetada para gerar energia a partir do carvão, recebia sua matéria prima, das minas do interior do estado que chegava pelo Rio Guaíba. Em 1974 a usina encerra as atividades e a geração de energia é desativada.

A chaminé da Usina do Gasômetro continua resistindo ao tempo e a demolição. Ergue-se soberba como sempre foi, desde 1937, data da sua construção. Ela tem 117 metros de altura e substituiu outras duas menores que jogavam fuligem na cidade.
Projetada na Inglaterra a chaminé tem estrutura metálica. Em 1983, o complexo foi tombado pelo estado e município.
Para quem chega a Porto Alegre e desconhece a Volta do Gasômetro, o endereço é Largo do Trabalho, 46 Cais do Porto.
Foto: A. Linus Rech
Restaurante 360 POA Gastrobar

Se quiser assistir um belo por de sol, tomando uma bebidinha e beliscando uns petiscos, vá ao 360 POA Gastrobar. O restaurante é parte do complexo revitalizado na orla do Guaíba. É uma estrutura de forma redonda, metálica e de vidro que avança para o rio. Tem capacidade para 250 pessoas.

O projeto é dos arquitetos Alexandre Viero, Sheila Bittencourt e Silvia Benedetti.
Homenagem a Elis Regina
Vale também, dar uma passadinha no espaço dedicado a cantora gaúcha Elis Regina. A escultura em tamanho natural foi colocada em uma base circular em granito em alusão ao disco de vinil LP (Long Play).
O artista plástico paraibano Joás Pereira dos Passos trabalhou o bronze e eternizou a grande intérprete da música popular brasileira. A estátua foi colocada junto a Usina do Gasômetro, quando a cidade comemorava seus 237 anos.
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