Porto Alegre: arquitetura conta a história da cidade - parte II
- Leci Rech
- 12 de jun. de 2022
- 3 min de leitura
A Praça da Alfândega já foi a porta de entrada de Porto Alegre. Era via de acesso para viajantes e mercadorias que chegavam a cidade pelo rio. Em 1804, a praça ficava próxima do rio Guaíba e era chamada de Praça da Quitanda por ser um local de mascates – comerciantes que percorriam as ruas vendendo tecidos e quinquilharias.

Em 1883, a praça passou a se chamar Senador Florêncio (homenagem ao político gaúcho Florêncio Carlos de Abreu e Silva, também advogado, escritor e jornalista). Quando foi construído o cais do porto, no século 20, a praça ficou afastada do rio.

Em 1933, a praça ganhou a estátua equestre do General Osório, feita em bronze, pelo escultor Hildegardo Leão Veloso, nascido em São Paulo.
O projeto paisagístico da Praça da Alfândega é geométrico, de inspiração francesa. Na época a influência dos franceses estava presente em muitas capitais brasileiras.
O entorno da praça é marcado pelos jacarandás, mas estão aí outras espécies como palmeiras-da-Califórnia, ciprestes e paineiras. Sob a sombra dessas espécies o gaúcho, todos os anos, percorre as barracas da Feira do Livro, instaladas na praça desde 1955.

Hoje, a praça não tem o mesmo glamour dos velhos tempos, mas vale dar uma passada, até porque neste local estão construções históricas, como o antigo prédio dos Correios e Telégrafos, entre outros.
Correios e Telégrafos

Não deixe de ver o antigo prédio dos Correios e Telégrafos de 1910.
A arquitetura é eclética com elementos do barroco alemão, um estilo que exerceu grande influência, no início do século XX, em Porto Alegre.

O projeto é do arquiteto alemão Theodor Wiedersphan e sua construção de responsabilidade de Rudolf Ahrons que também fez o projeto estrutural. A obra foi concluída em 1913. Tombado pelo IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em 1981, o local abriga hoje o Memorial do Rio Grande do Sul, criado em 1996. No alto, destaque para a torre do relógio.


As cúpulas de metal e as esculturas do grupo Atlas são de autoria do artista plástico Wenzel Folberger, alemão, radicado no Brasil.
Segundo a mitologia grega, Atlas, após um derrota, foi condenado por Zeus a carregar o mundo nos ombros.
MARGS – Museu de Artes do Rio Grande do Sul

O prédio do MARGS é vizinho do antigo Correios e Telégrafos. Abrigava a antiga Delegacia Fiscal da Fazenda e é também um projeto do alemão Theo Wiedersphan. Foi concluído em 1914.
O prédio foi tombado em 1981 pelo Iphan e em 1985 pelo Iphae. Está passando por mais uma reforma neste ano de 2022, por isso as fotos foram prejudicadas.
Conta a história que as cúpulas em bronze do Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli só foram instaladas em 1922, pois haviam sido encomendadas a uma casa de fundição na Alemanha e foram confiscadas pelo governo alemão para ser material na fundição de canhões na Primeira Guerra Mundial.

É uma estrutura de concreto armado com características da arquitetura grega. As colunas na fachada são da ordem jônica (pontas enroladas no capitel lembrando um pergaminho).
As figuras do interior do prédio e de sua fachada são de Alfred Hubert Adloff – escultor germânico de Dusseldorf / Alemanha.
O prédio passou a ser usado como museu no ano de 1978, vinculada a Secretaria de Cultura do Estado.
Seu acervo reúne mais de 5.000 obras de arte, entre pinturas, gravuras, arte têxtil, esculturas e cerâmicas. Além disso possui mais de 8 mil publicações bibliográficas. Tudo isso para contar a história desde o século XIX.
Farol Santander

Este é outro prédio histórico de Porto Alegre. Tombado, hoje é um centro cultural, mantido pelo Banco Santander. A construção é de 1927, projetada pelo arquiteto alemão Theo Wuedersphan. É uma arquitetura eclética com elementos do neoclássico. O projeto das fachadas é do escultor espanhol Fernando Corona que também fez as esculturas. As fachadas foram revestidas por cirex – argamassa raspada e mica. Ainda trabalharam na obra eng. Hipólito Fabre e Stephan Sobczack – polonês.
A arquitetura grega está presente nas colunas que tem capiteis da ordem coríntia – estilo mais trabalhado e mais decorativo.

O prédio já foi sede de diversos bancos, entre eles: Província, Nacional do Comércio, Sul Brasileiro e Meridional. Vale a pena conhecer seu interior pela arquitetura e lindos vitrais. Endereço: Rua Sete de Setembro, 1028 no Centro Histórico. Confirmar valor do ingresso e horários.
Teorema de Bruno Giorgi

Esta obra abstrata se destaca na Praça da Alfândega por contrastar com tudo que se viu até agora. É uma escultura monumental com cerca de dez toneladas de mármore. Foi feita para atender ao Banco Crefisul em Porto Alegre. O artista plástico que viveu durante algum tempo em Carrara / Itália trocou o bronze pelo mármore e as figuras pelas formas geométricas. Giorgi dividiu seu trabalho em três fases, na terceira, chamada de tectônica, as esculturas assumem significado mais abstrato e caráter arquitetônico. Entre suas obras estão: Os Guerreiros (Candangos) e Meteoro - ambas em Brasília.
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