Itália: Berço das artes e da cultura ocidental – Veneza
- Leci Rech
- 18 de out. de 2020
- 3 min de leitura
Por onde você vai começar para conhecer a Itália depende somente da sua vontade. De qualquer maneira será sempre uma viagem inesquecível. Certamente serão necessárias várias viagens para desbravar as maravilhas italianas. Desta vez começamos por Veneza, saindo de Lisboa até o Aeroporto Internacional Marco Polo, que fica a 13 quilômetros de cidade.

Ficamos no Quality Hotel Delfino, em Mestre, no continente, onde as diárias são mais em conta, hotéis confortáveis e não tem cheiro de mofo, causado pela umidade. Este é um problema em Veneza para os alérgicos.

Veneza não tem estradas, apenas canais, aproximadamente 150, onde circulam as famosas gôndolas, vaporettos, motoscafos e lanchas-táxi. São mais de 100 pequenas ilhas, interligadas por cerca de 400 pontes. O arquipélago, na verdade, é um labirinto na Lagoa de Veneza do Mar Adriático, onde vale a pena se perder. Para isso nada melhor do que andar a pé.
Para entender essa cidade, fundada no ano de 421 d.C., é preciso conhecer sua história, as razões que levaram seus habitantes a se estabelecerem nas ilhas e construir um lugar onde os carros são aquáticos.

Para escapar das invasões dos bárbaros que provocaram o fim do Império Romano, no século V, os italianos do nordeste se refugiaram nas ilhas. No início, as moradias foram construídas com fundações fincadas até cinco metros de profundidade, mais tarde pedras deram maior estabilidade a essas fundações. O crescimento foi desordenado com muitos aterros e as primeiras pontes surgiram em 1170.
Em 1797, Veneza foi conquistada por Napoleão, depois passou a pertencer a Áustria e finalmente em 1866 voltou a ser italiana. No século XV se tornou a maior cidade portuária e um grande centro comercial. A riqueza trouxe luxo e os palácios foram surgindo.

O Palácio Ducal (Palazzo Ducale) é o símbolo de Veneza. O prédio atual foi construído por volta de 1400, depois do incêndio e destruição dos originais. Também conhecido como Palácio do Doge (dirigente máximo) é uma obra prima do gótico veneziano. Visitar o palácio requer tempo e paciência, as filas são enormes, se você for em julho ou agosto irá encontrar uma verdadeira multidão de turistas.

A Ponte dos Suspiros (Ponte dei Sospiri), do sec. XVII, em rocha calcária branca e estilo barroco, é uma das mais fotografadas da cidade. Faz a ligação do Palácio Ducal com a prisão (cadeia pública) e servia de passagem aos presos que seguiam para irem a julgamento pelos Inquisidores do Estado. Conta a lenda que passando pelas janelas os prisioneiros atravessavam a ponte suspirando pela incerteza do futuro. Se condenado não veria mais o mundo lá fora.

Veneza é um museu a céu aberto, a Piazza San Marco é o principal ponto turístico da cidade e onde estão importantes monumentos como o Palácio Ducal que revolucionou a arquitetura com seus arcos e curvas, o Campanário e a Basílica de San Marco com suas cinco cúpulas revestidas de ouro.
A praça é um dos locais de alagamento sempre que ocorre o fenômeno Acqua Alta com a subida das marés. O Mar Adriático sobe de nível entre os meses de novembro a abril.

Segundo especialistas, Veneza afunda cerca de dois milímetros por ano. Já afundou mais de 20 centímetros. Hoje é Patrimônio da Humanidade pela Unesco.



Andar por suas ruelas, descobrir os encantos desta romântica cidade não tem preço. As compras são um capítulo a parte, lojinhas lotadas com cristais de Murano e as famosas máscaras do carnaval de Veneza estão por todos os lados e é quase uma obrigação trazer na bagagem pra não se arrepender. Para comer, é preciso mexer no bolso, as refeições são caras, principalmente próximo da Piazza San Marco.

A moderna Ponte della Costituzione, inaugurada em 2008, bate de frente com as relíquias de Veneza. Feita em aço e vidro, o projeto é do arquiteto espanhol Santiago Calatrava.

De longe e de vários pontos em Veneza se pode ver a Basílica Santa Maria della Salute. Vale a pena a caminhada. Próximo da ponta da Alfândega, no bairro Dorsoduro encontramos esta outra relíquia de Veneza. É preciso conhecer um pouco da história pra entender sua importância junto aos venezianos.
Em 1630, uma epidemia de peste bubônica atingiu Veneza entre outras cidades do norte da Itália. Milhares de venezianos morreram. O Patriarca Giovanni Tiepolo pediu que a cidade ficasse livre da peste e fez a promessa de erguer uma igreja dedicada a Santa Maria da Saúde. As obras iniciaram em 1631, mas foi concluída somente 56 anos depois. E no dia 21 de novembro, todos os anos, a população segue em procissão até a Basílica para agradecer o fim da peste, pedir saúde e proteção.
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