top of page

Itá/SC: torres da igreja submersas em nome do progresso

  • Foto do escritor: Leci Rech
    Leci Rech
  • 11 de jun. de 2023
  • 4 min de leitura

Este é o cartão postal desta pequena cidade no oeste de Santa Catarina.

Foto: A. Linus Rech

As torres de uma igreja no meio de um lago, não deixa de ser algo curioso e diferente, entretanto quando se conhece a história torna-se encantador. Sem dúvida é a grande atração turística da cidade.


Em abril de 2000, 49 mil m³ de água inundaram uma grande área onde estava a cidade de Itá e mais oito municípios, para viabilizar uma nova hidrelétrica com capacidade de 1.450 megawatts para geração de energia elétrica. A água represada do Rio Uruguai inundou 103 km² de terra, o que obrigou seus moradores a se deslocarem para outra área.



A nova cidade de Itá está a cerca de cinco quilômetros numa parte mais alta da região. Eram aproximadamente dois mil habitantes e cerca de 200 casas que agora estão submersas, junto com a igreja que teimosamente deixou suas torres de fora, marcando o espaço, para não deixar a história de Itá cair no esquecimento.



Foto: A. Linus Rech

Contam na cidade que para derrubar a igreja foi inicialmente usado um trator que destruiu a parte de trás e o equipamento sofreu uma pane. Quatro dias depois outro trator entrou em cena sem sucesso. Estragou novamente antes de tocar nas torres, mas como o contrato devia ser cumprido, o trabalho de demolição devia continuar. Na Casa da Memória ficamos sabendo que, numa última tentativa, as torres foram amarradas com cabo de aço que arrebentou. Este foi o sinal que mobilizou a população de Itá para impedir a derrubada das torres.


Todos acreditavam em um sinal divino. Para resolver o impasse, foi realizado um plebiscito entre os moradores de Itá. Com 97% de aprovação para manter as torres, foi decidida a sua permanência, aterramento no local, além de manutenção. Dos 25 metros de altura das torres quase a metade está submersa.


Foto: A. Linus Rech

A Igreja Matriz São Pedro Apóstolo foi fundada em 1936 para substituir uma pequena capela. Já a construção da igreja com as duas torres só aconteceu 20 anos depois. Para preservar esse patrimônio, agora com uma parte submersa no lago que alimenta a usina hidrelétrica, as torres passaram por uma restauração em 2018.


A cidade de Itá tem a sua história contada a partir de 1919, quando Valentin Bernardi, Pedro e Angelo Paludo se estabeleceram na região com suas famílias. Contam que foi o caboclo Luis de Campos que deu o nome de Itá para a cidade, que quer dizer “pedra” na língua Tupi Guarani. Em 1920, quando chegam os italianos e os alemães, a região recebe novo impulso em sua colonização quando chegam italianos e alemães.


Duas casas representam muito bem esses imigrantes: Casa Camaroli e Casa da Memória Alberton, ambas na Avenida Tancredo Neves. A Casa Alberton é a mais antiga das duas. Foi construída na década de 1930 e além de ser moradia da família Alberton foi também armazém de secos e molhados. A casa tem estilo próprio da arquitetura alemã com paredes em peças de madeiras com encaixes. Em 1997, foi realocada da antiga cidade, inundada pelas águas da represa, para a nova Itá. Restaurada a Casa Alberton é hoje um espaço cultural da memória da cidade.



Foto: A. Linus Rech

A Casa Camarolli com arquitetura italiana foi construída por Felipe Camarolli entre os anos 1945 e 46. Nas salas estão peças sacras e objetos de cozinha dos descendentes italianos e alemães. Esta casa foi transladada da antiga Itá, remontada no novo espaço e restaurada. Visitas: segunda a sexta 7h30 / 11h30 e das 13h às 17h30. Final de semana 8h30 / 11h30 e 13h às 17h.



Junto desse espaço cultural, onde estão as duas casas da memória, você vai encontrar uma réplica da antiga igreja hoje embaixo da água em nome do progresso. Aqui não estão somente as duas torres, ela está inteira, uma obra do artesão de Itá, Otto Ernesto Gebauer que concluiu a réplica em 2003.


A cidade ganhou outra matriz. A Igreja São Pedro da nova Itá foi inaugurada em dezembro de 1994. Ela foi premiada por sua beleza e arquitetura arrojada.

Foto: A. Linus Rech

O processo de realocação dos moradores da cidade de Itá inundada durou quase 10 anos. Encerrou em 1995 e um ano depois a cidade foi reinaugurada.


A nova cidade de Itá foi reconstruída em uma região mais alta. As ruas são mais amplas. A Rua Tancredo Neves se destaca pela beleza das suas árvores.


Por conta dos desníveis do local e com a chegada do desenvolvimento a cidade passou a ter a parte alta, onde estão lojas, comércio em geral e a gastronomia.


E a parte baixa, onde estão instalados resort e o parque aquático.


Na Rua Tancredo Neves também está o Museu do Rádio. O espaço surgiu pela iniciativa do colecionador de rádios, João Claudio Portela.


Estão no local mais de cem aparelhos em diversos tamanhos e modelos. Um rádio alemão é o mais antigo da coleção.



Foto: A. Linus Rech

A nova Itá agora com dois níveis ganhou um funicular para unir a parte alta da cidade com a baixa, integrando o centro com as torres da igreja submersas e o Aqua Parque Itá Thermas. Fabricado no Brasil, o funicular tem iluminação e acionamento interno a energia solar, destacando-se pela geração de energia limpa e renovável.


Este é o primeiro funicular com tecnologia 100% nacional. São 32 painéis produzindo energia solar para manter o equipamento. O bonde percorre um plano inclinado de 104 metros. Inaugurado em 2017, o vai e vem do funicular encanta o turista que paga muito pouco pela diversão. Ingressos no local. Vale o passeio.



Veja também :

Prainha do lago Itá

Mirantes da cidade

Eco Parque com mini animais

Passeio de Escuna

Belvedere Dona Roma


Próximo post:

Krabi e suas praias, Tailândia


Comments


© 2023 por Mil e um Destinos. Orgulhosamente criado com Wix.com

  • b-facebook
  • Twitter Round
  • Instagram Black Round
bottom of page