SC:Laguna guarda relíquias - testemunhas da sua história II
- Leci Rech
- 15 de mar.
- 5 min de leitura
Atualizado: 6 de abr.
Um conjunto arquitetônico de casinhas coloridas em estilo colonial conta a história de Laguna ao visitante. Entretanto os dados estatísticos indicam, nessas terras, a presença de comunidades pré-históricas.


O IPHAN tem levantamento que aponta 43 sítios arqueológicos, onde estão os sambaquis – pequenas montanhas de conchas – que já foram usadas até em construções. Muitas tribos indígenas já passaram por essa região de Santa Catarina e se adaptaram graças a lagoa que lhes dava o peixe.

Laguna se desenvolveu a partir da chegada dos europeus. Calcula-se que, entre 1500 e 1700, mais de 100 mil portugueses vieram para o Brasil para proteger as novas terras descobertas das invasões espanholas.
Marco de Tordesilhas

Este é outro ponto turístico de Laguna, importante por seu valor histórico. Portugueses e espanhóis, em 1494, assinaram um acordo internacional, demarcando as terras e os mares, a oeste para a Espanha e à leste para Portugal - foi o Tratado de Tordesilhas, uma linha imaginária do polo norte ao polo sul. Na atual conformação, a linha passaria na cidade de Belém do Pará até Laguna em Santa Catarina. O Tratado foi assinado em Tordesilhas, um povoado castelhano, na Espanha, província de Valladolid, em 07 de junho de 1494.

O Tratado de Tordesilhas permaneceu em vigor até 1750. Em Laguna, o tratado não caiu no esquecimento. O Marco de Tordesilhas foi inaugurado em 1975.
O monumento foi esculpido pelo artista plástico Angelino Antunes, nascido em Laguna. A escultura fica na Travessa Mario Camilo, Bairro Progresso. Sem dúvida, vale uma foto.

A cidade histórica de Laguna foi a terceira povoação portuguesa em Sta. Catarina. Recebeu esse nome por sua lagoa que é ligada ao mar e chamada de laguna. Hoje, o Centro Histórico tem cerca de 600 imóveis tombados em 1985 pelo IPHAN. São dados da Prefeitura: https://laguna.sc.gov.br. São do século XVI, o casario colonial espalhado pelas ruas no centro. Os açorianos deixaram suas marcas, até hoje, na arquitetura.
Casa Pinto D’ Ulysséa

Bastante procurada pelo turista que chega em Laguna, essa casa, construída em 1866, é uma réplica de uma Quinta Portuguesa (casa de chácara). Foi a primeira revestida com azulejos importados de Portugal. São azulejos, pintados a mão, que nos remetem a cidades portuguesas do século XVIII. A casa pertenceu a uma família importante de Laguna durante o século XIX. Na década de 1970 a casa foi adquirida pela Prefeitura e tombada pelo IPHAN em 1985.

A Casa Pinto D’ Ulysséa foi a primeira na cidade a ser construída com platibandas (estrutura que esconde o telhado e usa calhas pluviais para evitar o escoamento das águas da chuva direto na calçada). Também foi a primeira residência em Laguna com água encanada. A história da casa envolve a história do violonista português Joaquim Pinto D’ Ulysséa que chegou a Laguna em 1846 e se destacou na vila por saber ler e escrever.
Fonte da Carioca

Na cidade, um ditado popular anda de boca em boca: “quem bebe a água da Carioca sempre volta a Laguna”. A Fonte da Carioca tornou-se ponto turístico e os próprios moradores se abastecem da água mineral que chega na Fonte da Carioca. Fica na Praça Lauro Muller no Centro Histórico, ao lado da Casa Pinto D’ Ulysséa.

No início da colonização, a cidade contava com três fontes de água para o abastecimento: Fonte da Figueirinha, Campo de Fora e a Fonte da Carioca. O nome carioca veio do tupi guarani que significa oca ou casa branca. No início havia apenas uma bica que jorrava água. Em 1863, uma estrutura, inspirada na arquitetura portuguesa, foi construída pelos escravos. Já passou por várias reformas, sendo ampliada em 1906 e restaurada em 1990. Seus tanques são revestidos de mármore de Carrara, o que deixa a água gelada.

A Fonte da Carioca foi certificada como fonte de água potável e comprovada pelo Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM). É Patrimônio Histórico da Cidade de Laguna. https://turismo.laguna.sc.gov.br> Vale um passeio até lá.
Mercado Público Municipal
O mercado público de Laguna foi inaugurado em 1897, mas 42 anos depois sofreu um incêndio com muita destruição. Restaram apenas as paredes externas nesse dia 20 de agosto de 1939.

O novo prédio, construído em 1958, possui uma arquitetura eclética com influências neoclássicas e inspiração na Art Déco. Essa combinação de estilos torna o mercado público único.

As paredes são de tijolo maciço com reboco à base de cal. Na fachada, sua arquitetura retangular e simétrica mostram um frontão em linhas geométricas, platibanda (moldura horizontal que esconde o telhado) e um óculo (abertura circular) acima. A entrada principal do prédio com alpendre, é suspenso de um lado por colunas e apoiado pelo outro contra a parede do edifício. Sobre as portas surgia um elemento novo: a marquise. Tombado pelo IPHAN em 1985.
O Mercado Público Municipal é conhecido por seus restaurantes que servem pratos típicos, especialmente frutos do mar. Foi revitalizado e reinaugurado em jan./ 2020.
Igreja Matriz Santo Antônio dos Anjos
Essa igreja é de origem portuguesa. Sua arquitetura remete às igrejas do norte de Portugal, além de ter uma relação com a arquitetura jesuítica do século XVI.
A Igreja Matriz é uma construção de pedra, argamassa com areia, barro, cal e óleo de peixe. Suas paredes têm mais de 80 cm de espessura.

A construção da igreja matriz foi feita em três etapas. A primeira, em 1696, para substituir a capela, erguida na fundação do povoado, quando foi feito o altar-mor. Na segunda etapa, construídos altares laterais e o corpo principal, que foram concluídos em 1738.

As torres da Igreja Matriz foram erguidas em 1894, o que significa mais de cem anos de espera. E por fim o relógio do frontão foi instalado em 1935.
Farol de Santa Marta

Em junho de 1891, a luz do farol foi acesa e tornou-se símbolo turístico de Laguna.

O Farol de Santa Marta está a 20 quilômetros do centro da cidade. Para chegar lá, é preciso passar pelo canal da Lagoa Santo Antônio em uma balsa com o carro. É a parte agradável do passeio, com o vento batendo na cara, deslizando nas águas.

Depois seguir pela SC-100. O atendimento é por agendamento. Não entramos. De qualquer maneira é uma atração que deve estar na sua agenda. Se você conseguir entrar, dentro são 142 degraus que levam ao topo ou 29 metros em espiral.

O Farol foi projetado pelos franceses Barbier Bernard e Turenne. A torre quadrada em pedra tem, desde 1941, um sistema que acende uma lâmpada para guiar quem está a uma distância de 85 km – é o alcance luminoso a noite com tempo limpo. Durante o dia com bom tempo o alcance é de 40 km.
A luz do farol acende três vezes, num intervalo de 30 segundos e o feixe de luz se conecta a noite em alto mar. O farol também dá informações meteorológicas, emite sinal de rádio para navios e é usado para a aviação.
Veja ainda:
O mirante no Morro da Glória com imagem de Nossa Senhora da Glória.
Conferir horário de atendimento: turismo@laguna.sc.gov.br Secretaria de Turismo.
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