Tailândia: Long Neck Karen: vítimas da intolerância
- Leci Rech
- 10 de set. de 2023
- 3 min de leitura
Atualizado: 17 de nov. de 2024
Conhecer as Mulheres Girafa estava no nosso roteiro do tour feito a Chiang Rai para visitar os templos Branco e Azul. O assunto é polêmico, mas vale a pena analisar os diferentes ângulos da história dessas mulheres.

Por iniciativa do motorista, primeiro paramos no Hot Spring Thaweesin. Era caminho e ponto de parada. Valeu para fazer um lanchinho e ver de perto um gêiser que falaremos em seguida. Foto: A. Linus Rech

O gêiser é uma nascente termal que entra em erupção, lançando vapor e uma coluna de água quente.
Esta é a fonte termal mais alta da Tailândia. A temperatura de um gêiser pode chegar até 85ºC. Os jatos podem atingir até 10 metros.
O nome gêiser se originou de Geysir – nome de uma nascente com erupção na Islândia - ilha vulcânica localizada na Europa.
Foto: Fabiana Rech
Próximo do Hot Spring Thaweesin (Wiang Pa Pao) se vê um conjunto de templos com arquitetura Khmer. A pedra usada pelos construtores de Angkor – capital do Império Khmer era o arenito.

O Império Khmer é do período do século VIII d.C até primeira metade do século XV. O estilo arquitetônico desse conjunto nos remete ao Camboja, país asiático que mantém relíquias chamadas de templos montanhas.
Seguimos para a cidade de Chiang Rai. Nos posts anteriores falamos dos Templos Branco e Azul. Hoje, vamos abordar alguns aspectos da tribo Long Neck Karen, também conhecidas como Mulheres Girafa. Na aldeia vivem diversas tribos, entre elas também está o grupo étnico Akha.

Existem 65 mil Akha vivendo no norte da Tailândia, distribuídos em Chiang Rai, Chiang Mai e outras três cidades. Originários de Yunnan, província da China, esse grupo vive nesta aldeia com outras comunidades e sobrevivem da criação de animais e plantação de chás, arroz e vegetais. Entre as fontes de renda está o turismo e a venda de artesanato.
Tribo Long Neck Karen / Kayan

A tribo Karen Long Neck são mulheres que durante o regime militar foram perseguidas na Birmânia (Burma), atual Myanmar desde 1989. Por divergências de religiões e de raças a Birmânia enfrentou muitos conflitos armados. Diante disso minorias étnicas como a tribo Karen tiveram que deixar o país. As Mulheres Girafa se refugiaram em Chiang Rai na Tailândia desde os anos 80. O governo concedeu a tribo uma permanência temporária e essas pessoas passaram a viver na aldeia como refugiadas de guerra, sem cidadania tailandesa. Esse status é uma limitação para estudarem, conseguir um trabalho, ou mesmo passear. Foto: A. Linus Rech

Hoje, cerca de 600 Kayans vivem em aldeias na Tailândia. As famílias Karen ou Kayan ou Padaung moram em assentamentos sem condições de higiene e suas casas são precárias, sem saneamento básico. As aldeias surgiram em 1985 com a permissão do governo da Tailândia, que exige o pagamento de impostos. O valor é retirado dos ingressos pagos pelos visitantes.

O turismo é a fonte de renda das famílias e as Mulheres Girafa sobrevivem da venda do artesanato aos turistas.
Elas trabalham em teares manuais, confeccionando mantas, echarpes e pashiminas. Alguns são bem coloridos. São trabalhos em lã e linha que ficam expostos em uma espécie de varais.

Essas mulheres atraem o turista pelo uso de argolas no pescoço. A história contada pelos guias é de que as argolas eram uma proteção contra os tigres. Eles atacavam o pescoço das suas vítimas. Com o passar do tempo esse costume se tornou uma tradição na tribo Karen. A partir dos cinco anos as meninas iniciavam a colocação de argolas. A cada ano acrescentam mais uma. No total essas mulheres usam 25 anéis no pescoço.

Este costume tem consequências. O acessório não alonga o pescoço. O peso das argolas esmaga os ombros e as costelas são pressionadas para baixo. O peso das argolas causa rigidez e para retirá-las são necessários certos cuidados como não virar o pescoço de forma brusca após a remoção. Algumas mulheres usam argolas nos punhos e nas canelas.
As pessoas que usam o adereço no pescoço ganham uma determinada quantia por mês, paga pelo proprietário da aldeia, que arrecada na bilheteria.

Como disse, o tema é polêmico. Organizações internacionais não recomendam a visita e grupos de direitos humanos consideram o turismo, exploração de refugiados.
Outros segmentos entendem que, se o turismo é a única fonte de renda, se faz necessária a existência dos turistas visitando, pagando taxa ou ingresso e, melhor ainda, comprando o artesanato. Fiz um tour que incluía este passeio, porque eu queria viver isso, queria vivenciar esta realidade tão diferente da minha, mas com muito respeito a essas mulheres guerreiras que estão ali lutando pela sobrevivência.
Foto: A. Linus Rech
Comprei dois trabalhos, são lindos e de muito bom gosto.
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